Deitado, a janela do quarto descerrada, luzes apagadas, recebendo a bênção do luar, olhar perdido, focado nas estrelas, paralisado, deslumbrando-me com seu fulgor vívido, pensamentos vagos porém certeiros, observo a lua que governa o negro céu, como uma graciosa rainha. Não é novidade a minha admiração por ela e a noite, seus elementos envolventes e instigantes. O silêncio é tão brutal que posso escutar o bater das asas de uma coruja alçando voo, faz muito frio, minha respiração condensa no ar, posso sentir o ar gélido invadindo meu corpo e fazendo morada em minha alma. Inevitável ser envolto por esse ambiente e não pensar em tua majestade, em tua soberania, a saudade é colossal, me talha, me imola, pois me perco em recordações, a falta de palavras, de cumprimentos, de afagos, o não ver, o não tocar é perturbador.
Tento transcrever para o papel um pouco do que sinto, do que vejo quando me olho no espelho e meus olhos rubros vociferam lastimados, um pouco de quando estou acamado, quando as centelhas cessam e fico só com meus pensamentos, lembranças, alguns arrependimentos, dores que me causaram e eu as retribuí.
Tua presença me fez um homem melhor, uma pessoa mais nobre, pode haver uma distância geográfica porém, a pureza do sentimento me aproxima de esplendor, posso até sentir teu perfume, o calor. Sirvo em teu castelo, contemplo toda tua soberania, sua mística realeza, estonteante, te respeito, honro, tenho enorme admiração por ti e pela semente que tens. Assim como a lua que rege com maestria as filhas e súditas estrelas em teu castelo envolto no manto noturno.
Venho mostrar que dentro deste arnês, há um homem, mesmo com suas inúmeras ocupações, dores físicas e horários nada britânicos, que ama, sente saudade, arrependimentos, culpa, carinho, mas acima de tudo, que sente falta de apenas um olhar. Olhar esse que hoje parece afastado, como a chama distante, não só de olhar, de corpo, alma e coração, o que antes era sussurrado mesmo longínquo, hoje sinto que é ralhado e o pior, não compreendido.
Sinto a nevoa apoderando-se do quarto e o sono inebriante vindo ao meu encontro, olhos pesados, visão embaçada, como se embriagado estivera, não me rendo fácil, mas hoje ficarei feliz, pois entrarei no transe dos sonhos pensando e lembrando de alguém que me fez crescer e me agregou quilíada de valores. Mesmo que não a ouça, não a veja, não posso tocar-lhe, sei que já saboreou o doce sabor do sentimento puro e verdadeiro, durmo de lábios entreabertos esperando um beijo seu!
Então, fecho os olhos e mergulho em meu oceano de sonhos fantasiosos, solitários e nostálgico.
Sou um lobo “solidário”, doando tudo de mim para ter um pouco de você!
COMBATENTE!