Enquanto lá fora a chuva cai, molhando a janela, lavando a face dos homens, percorrendo o asfalto em busca de apenas um manípulo de terra para se abrigar, o céu é turvado por nuvens negras, trovões abrem espaço na paisagem da cinza da cidade. Um reflexo súbito e azulado de um relâmpago invadindo quartos e até casas inteiras como se guardando aqueles raros momentos de paz, em uma fotografia tirada pelo universo. Observo com olhos vidrados e coração saudoso dos tempos em que outrora enxergara mais que o alcance da visão me restringe hoje. Impressiona-me como a mesma água que vem dos céus carregada de esperanças, também é a água que ruge o pranto e torna mareado o olhar aflito... Saudade é planta que se apodera do solo infértil de um coração e é regada por chuvas de lágrimas, enquanto vai se nutrindo e fortificando, nos mata um pouco a cada dia.
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Quem Viver "Lerá"
COMBATENTE!